terça-feira, 5 de agosto de 2008

7'51''

Este é o tempo que todos os dias me divido.
Dou por mim fora do meu corpo a vaguear.
Encarno nas mais diversas pessoas. O meu espírito salta de rosto em rosto. Ora sou o sonho de alguém que entretanto é interrompido e se pergunta, "Onde estou?", ora o desespero de alguém que mais um dia tem de fazer contas, "Será que chega?".
Como eu, vários são os espíritos que o meu corpo querem espreitar. Será que conseguem? Olham para mim e tentam ver as minhas entranhas. Será que conseguem ver se hoje estou feliz, ou se a tristeza me está a roer todo o meu ser?
Diariamente passam por nós rostos que tentamos entender, vidas que tentamos desvendar. Às vezes os mesmos de sempre, que nos olham como se o rosto fosse um espelho do espírito. Como se um corpo são tenha obrigatoriamente de ter uma mente sã. Tentam com os olhos arrancar de nós qualquer expressão. Quantas mentes que por mim passam, que escondem algo de terrível, dores incalculáveis, sentimentos desbastadores, traições, ilusões, vidas sem sentido? E quantas são aquelas que são felizes, perfeitas?

E quantas eu consigo enganar?

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