segunda-feira, 24 de novembro de 2008

E o Outono deixa-me assim...

... numa euforia colorida, relembro o Verão aguardando o Inverno.

Outono...



Mais do que uma estação é um sentimento.
Guardamos todas as vivências do Verão, o calor dos nossos corpos, e deixamo-nos camuflar. Retiramos os agasalhos do baú e, enrolados em suaves cobertores, fazemos mil e um novos planos. De peúgas nos pés, acariciamos os pés amados. Transformamo-nos em mil e uma cores, deixamos cair pensamentos antigos, para nascerem novos no seu lugar, cada vez mais fortes, mais enraizados.
Renovamos sabores e odores. Os gelados dão lugar às quentes e boas castanhas, a praia à ardente lareira.
As ruas enchem-se de uma explosão de cores de folhas caídas. Como crianças, quase que apetece mergulhar nesse colorido. Mas refreando esse pensamento, vestimo-nos de adultos e apenas pontapeamos timidamente as que nos passeiam pelos nossos pés.
Formam-se as primeiras geadas, e os primeiros mantos brancos cristalizam os campos verdes. Gotas de orvalho saciam a sede das folhas que, corajosas, teimam em persistir e enfrentar a próxima estação.
Do cachecol, emerge um nariz frio saboreando o doce odor vindo dos assadores de castanhas ambulantes. As peimeiras fumaças emergem da nossa boca.
Os dias decrescem suavemente. A noite chega mais cedo, e com ela a luz das ruas. Estas aprontam-se, asseiam-se, esperam ansiosas com os seus enfeites pelo Natal anunciado.
É aí que o Outono entra em conflito. Alegre no seu esplendor, entristece por acabar e ter de ceder o lugar ao frio Inverno.

Foto: Escócia 2007